Candela narrando.
No dia seguinte do jantar, Lali já havia ido pro serviço, eu sai e fui
até a caixa do correio, ver se havia chego correspondência, tinha umas contas,
fiquei vendo elas ali mesmo, quando ouvi passos de alguem se aproximando, eu
olhei pra frente e era Gas vindo até mim, abri um sorriso na mesma hora.
-
Vim te fazer um
convite – disse ele quando chegou até mim.
-
Seja o que for, se
você estiver junto eu aceito – respondi sorrindo.
-
Então tudo bem, até
mais – ele se virou pra ir embora.
-
Você nem vai falar o
que é? – perguntei confusa.
-
Eu só tava brincando –
disse ele se virando e olhando pra mim, rindo – Meu tio quer te conhecer então
vai fazer um jantar na casa dele, ele disse pra eu levar você e a Lali.
-
Sério? Que... Bom –
falei sorrindo, e um pouco nervosa.
-
Você parece preocupada
– falou, me olhando.
-
É porque é como se
fosse seu pai, eu fico assustada – ri sem graça.
-
Mas assustada porque,
não precisa ficar assim, meu tio vai gostar de você – sorriu.
-
Tá, tudo bem – ri –
quando vai ser?
-
Próxima quarta, às
20h, eu levo vocês.
-
Tá, eu vou avisar
Lali.
-
Tudo bem, até mais.
Ele se aproximou e me beijou, estávamos perdendo a vergonha e nos
acostumando com a idéia de sermos um casal. Logo ele se afastou e sorriu, se
virando em seguida e indo pra casa. A cada dia que eu o via eu ficava mais
apaixonada, suspirei e voltei pra dentro de casa com as cartas na mão.
Contas, contas... E uma carta pra mim, sem remetente, mas como alguem
enviou uma carta sem colocar seu nome? Só se vieram até a caixa do correio e
deixaram lá... Para Candela Vetrano, bom, eu a abri.
“Como vai Candela? Bem imagino,
encontrou um parceiro né? Pena que não vá durar muito. Sim, aqui é Emilia,
aquela que eu sei que você jura vingança, sempre foi uma menina determinada,
embora fosse pouco atraente por essa timidez, como um belo loiro de olhos azuis
te quis? Vá saber, mas isso não me interessa, só quero dizer pra ficar de olhos
bem abertos, eu posso estar em qualquer lugar, e eu vou destruir você, assim
como matei sua querida mamãezinha”.
Lagrimas escorriam de meus olhos, de medo? Nem um pouco, era de puro
ódio, a assassina estava por perto, e agora alem de eu ter que acha-la,
precisava tomar todo cuidado, ela podia me atingir de qualquer maneira, alem de
também querer atingir Lali e Gas.
-
Cande? Tá chorando? –
disse Lali enquanto entrava em casa, nem percebi que já era um pouco tarde, e
estava tão atordoada que nem ouvi a porta abrindo.
Apenas a olhei e entreguei a carta, ela ficou confusa, e começou a ler,
quando terminou levou a mão à boca, nem acreditando no que estava escrito ali,
eu só afirmei com a cabeça, enxugando as lagrimas, em seguida ouvimos batidas
desesperadas na porta, Lali abriu ainda chocada, e era Gas, com um papel na
mão, parecido com o papel que estava escrito a carta de Emilia.
-
Meninas – disse ele
entrando – isso tava no meio de minhas correspondências, ouçam: - “Olá Gas, eu
sou aquela pessoa que impediu que você tivesse uma família de verdade, e não me
basta só acabar com os seus pais, você embora não tenha tido culpa em nada,
merece ter o mesmo fim deles, assim como sua nova namoradinha, Candela, pois é,
eu sei de tudo que acontece na vida de vocês e posso estar mais perto do que
imaginam, fiquem de olhos abertos, mesmo que não adiante de nada”. – ele nos
olhou, tão preocupado quanto nós.
-
Meu Deus, também
recebemos uma – disse Lali dando a carta à ele.
-
Caramba – disse
terminando de ler – e agora?
-
Só me assusta o fato
dela estar por perto, porque embora tenhamos a foto dela quando mais jovem, é
muito antiga e está meio estragada por causa da água... – falei.
-
Vamos ficar calmos
porque... – nesse momento o telefone dela tocou – é do trabalho, preciso
atender, licença – ela seguiu pro quarto dela pra atender.
Eu olhava pros lados, com lagrimas nos olhos e aflita, Gas veio até mim
e secou uma lagrima que deixei cair.
-
Não fique com medo, eu
não vou deixar nada nem ninguém fazer nada com você ou com sua irmã – disse me
olhando.
-
Não temos nada a ver
com essa briga, por que se vingar de nós também? – perguntei o olhando com voz
de choro, admito, eu estava com um pouco de medo.
-
Calma meu amor – “meu
amor”, não sabia se chorava de medo ou emoção – Nada vai acontecer, com você,
comigo ou com a Lali, eu não vou deixar.
Eu afirmei com a cabeça e o abracei, ele me abraçou com um braço, o
outro estava com a mão em minha cabeça.
Quando ele me soltou, viu que eu ainda havia chorado mais, então secou
as lagrimas e me olhou.
-
Não chora mais, cadê
aquele sorriso lindo? – disse sorrindo.
-
Não sei se o medo me
deixa sorrir agora – falei abaixando a cabeça.
-
Mas esse sorriso não
pode se deixar apagar por medo – eu o olhei e ele ainda sorria – por mais que
você esteja assustada, vai dar tudo certo, eu te prometo.
Como ele conseguia ser tão... Assim? Se fosse outra pessoa, mesmo a
Lali, acho que eu já estaria chorando a gritos, mas ele me deixava calma de uma
forma, eu estava até mais calma, com esperanças de que iríamos conseguir vencer
aquilo, me deu forças pra sorrir, quando eu estava com ele qualquer motivo me
fazia sorrir, e mesmo que eu estivesse num certo desespero, não seria diferente
daquela vez.
-
Esse sorriso já acabou
com qualquer medo que estava presente aqui – sorriu.
-
Você é tão bom pra mim
– disse rindo um pouco com a cabeça baixa, em seguida o olhei – obrigada.
-
Você não tem o que
agradecer – ele colocou a mão em meu rosto e o acariciou – eu gosto muito de
você Cande, nunca senti isso por alguem, e eu te prometo te fazer muito feliz –
ele sorriu – a gente vai vencer isso, e vamos vencer juntos.
Eu não tinha nem palavras, foi só o impulso, eu me aproximei um pouco e
o beijei, colocando minhas mãos no rosto dele.
Parei o beijo com um selinho, em seguida o abracei forte, e ele fez o
mesmo, era incrível como eu me sentia segura...
-
Ta melhor agora? –
disse ele.
-
Sim, porque você tá
aqui comigo – falei enquanto o soltava.
-
Que bom – disse
sorrindo.
-
Quer ficar pro jantar?
– perguntei.
-
Claro – sorriu.
Ele me abraçou mais uma vez e então Lali desceu, disse que era uma
estagiaria que estava com uma duvida, ela ainda estava bastante nervosa, mas a
acalmamos, eu disse que Gas ficaria pro jantar, e então fomos pra cozinha
preparar tudo, enquanto eu e Lali fazíamos, conversávamos, sobre varias coisas,
sobre a escola, trabalho, rimos muito, os dois principalmente, eram ótimos
cunhados. Quando o jantar ficou pronto, nos sentamos pra comer, ele já se
sentia muito à vontade, não como aqueles namorados que não gostava de se
envolver com a família da garota.
Depois de comermos e conversarmos mais um pouco, ele resolveu ir pra
casa, estava tarde, já era quase 23h, ele se despediu de Lali e eu fui com ele
até a porta de sua casa.
-
Nunca ri tanto em
minha vida – disse sorrindo.
-
Lali é bem divertida
mesmo, qualquer um ri com ela – ri – obrigada por acalma-la, ela sempre foi à
filha mais nervosa.
-
Não me agradeça, eu
não sei porque, mas sinto obrigação de te deixar bem, e ela também,
principalmente porque é minha cunhada – riu.
-
Que bom que gosta dela
– sorri.
-
Também gosto muito de
você sabia? – disse sorrindo.
-
Que bom também – ri.
-
Embora eu queira
passar a noite toda com você aqui, vou entrar agora.
Eu afirmei com a cabeça e ele se aproximou e como esperado me beijou,
quando parou sorriu, acenou e entrou em casa, eu já tava toda boba, de tanto
ouvir coisas lindas que ele dizia, suspirei e fui atravessar a rua pra ir à
minha casa, havia um carro parado na frente da casa de minha vizinha do lado,
parecia que tinha alguem la dentro, eu olhei rapido e vi um vulto, achei que
era coisa da minha cabeça até lembrar que Emilia estaria sempre por perto, eu
me aproximei mais e olhei pela janela do banco do passageiro, mas os vidros
eram escuros, quando de repente o carro ligou e quase me atropelando saiu a
toda velocidade, eu fiquei assustada, pensei em chamar Gas, mas ele acabava de
entrar em casa, devia estar arrumando pra dormir, e também não era preciso
chamá-lo só pra dizer que poderia ter alguem nos observando, pois o que iríamos
fazer? Nada, não poderíamos fazer nada. Então voltei a seguir até a porta de
casa e entrei.
-
Lali, eu estava
voltando pra cá e vi um vulto dentro de um carro, quando me aproximei pra ver
se tinha alguem ele saiu voando, será que era algum espião ou até mesmo Emilia?
– falei um pouco preocupada.
-
Talvez sim, talvez
não, mas melhor você e Gas não ficarem namorando na rua essas horas – respondeu
enquanto via tv.
-
Namorando? Como sabe
que estávamos namorando? Podíamos estar conversando – falei indignada.
-
Sério mesmo? – ela me
olhou com cara de irônica.
-
Não, não é serio –
segurei o riso e me sentei ao lado dela pra ver tv, ela negou com a cabeça em
seguida.
Depois de uns minutos subimos para nossos quartos e nos arrumamos pra
dormir.
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