sábado, 3 de maio de 2014

Aliados - 1ª temporada - Capítulo 11 - Legendado


Veja na continuação o off e algumas fotos do capítulo...


Capítulo 11- Demasiado Amor

Sou o filho do único proprietário da maior tabacaria da região. Sei tudo sobre o tabaco. O tabaco tem mais de quatro mil substâncias tóxicas, e mais de seiscentos aditivos com um único objetivo: te tornar viciado. Quanto mais viciados tiver, mais rico se torna o meu pai, simples.
Sei tudo sobre tabaco e vícios, sei perfeitamente o que é um vício. E não, o meu não é um vício ao sexo, o meu é outra coisa. Você tem que entender a lógica do vício. O viciado acredita que sua abstinência termina quando consome a substância a qual é viciado, mas na verdade, no momento em que você termina de consumir esse cigarro, você começa a gerar a abstinência, que irá crescer até se tornar insuportável. Essa é a lógico do vício: o bálsamo que vai acalmar a sua abstinência, é na verdade o que está te gerando mais abstinência.
Não há viciados só em cigarro ou em álcool, há viciados em trabalho, viciados em comida ou na fome, viciados em solidão ou na angústia. Há viciados em outra pessoa, e há viciados em seu próprio ego. Há vícios muito estranhos, como por exemplo o vício pela adrenalina que alguns delinqüentes experimentam. Existem muitas formas de vício, e todos somos viciados em algo. O importante é não se deixar confundir, e entender qual é o verdadeiro vício atrás do vício. Eu por exemplo não sou viciado em sexo ou nas mulheres, sou viciado na vingança.
No princípio é como um sussurro, depois é como uma coceira nas mãos, e no final, é como um grito. O monstro desperta, e está faminto.
É difícil acabar com um vício porque não o vemos como um problema, mas sim como uma solução. Pelo cigarro, pelo álcool, pela comida, por um relacionamento ruim, pela adrenalina ou pelo abuso... Seja o vício que for, todos nos garantem alguma coisa: por um momento, vamos deixar de sentir essa dor profunda que levamos sempre como uma cruz.
Acredita-se que o vício tem uma força maior do que a vontade. Na verdade o viciado tem força de vontade. Tem a vontade de não sentir essa dor profunda em sua alma. Uma pessoa violenta não é viciada na violência, mas sim nesse adrenalina que por um momento esconde sua dor. Por que uma pessoa machuca uma e outra vez alguém? Porque pode. Porque o espancado permite.
Nos anos 60 quase ninguém sabia que fumar faz mal. Hoje todo mundo sabe. Que poderosa razão leva alguém a fazer algo que ele sabe que lhe faz mal? O viciado no jogo sabe que o cassino ganha sempre, que ele sempre vai perder. Alguém acredita que um jogador joga para ganhar? P viciado sabe muito bem o que perde, mas também ele, e só ele, sabe o que ganha: uma emoção tão forme que o deixa atordoado, anestesiado. Todos nós viciados temos algo em comum, todos temos muita dor.


Noah é um expert em vícios. Filho do dono de uma tabacaria, sabe muito bem disso. Hoje Noah me ensinou algo: todos os viciados tem algo em comum: muita dor. E eu sei que onde há muita dor, há muito amor. Muito amor pode afogar, pode cancelar. Amar demais, ou ser amado demais, pode ser tão perigoso quanto não amar, ou não ser amado. Mas sempre lá, onde há dor, há amor. Muito amor. E por isso dói; Agora compreendo o meu erro, eu havia focado no vício de Noah, e não pude ver sua dor. Quando um humano sofre, você não tem que perguntar “O que te dói?” mas sim “Quem de dói?”. Porque atrás de uma grande dor, sempre há um grande amor.

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