quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Amor, sublime amor - Capítulo III


Capitulo III


Candela narrando.

 Já de noite, eu ainda estava mexendo na gaveta, quando Lali entrou no quarto e me viu, nos olhamos por um instante e logo voltei meu olhar pra gaveta, ela respirou fundo e se sentou no chão ao meu lado e sem dizer nada começou a mexer também.
-          Mudou de idéia? – perguntei sem olhar pra ela.
-          Cande olha isso – ela me estendeu a mão, segurava uma foto.
Era uma foto de minha mãe na faculdade, muito nova, atrás da mesma tinha o nome de todos os alunos que estavam lá, em ordem, minha mãe era a primeira, e logo do lado dela... Emilia, era aquela a assassina de minha mãe, mas caramba, era uma foto antiga, mal dava pra ver os rostos, estavam diferentes.
-          É essa a assassina – falei ainda olhando a foto.
-          Mas hoje ela está mais velha, mais moderna, não da pra reconhecer – disse Lali.
-          Eu sei, mas já é uma ótima pista – a olhei.
Ela afirmou com a cabeça, deixei a foto em cima da cama junto da carta, e voltamos a mexer em tudo, quando de repente o som de piano começou novamente, Lali continuou mexendo e eu fiquei com aquela cara boba olhando pro nada sorrindo.
-          Gas... – falei sem querer.
-          Quem? – me olhou.
-          Ni-ninguém – rapidamente voltei a mexer na gaveta.
-          Quem é Gas? – perguntou me olhando, confusa.
-          Ah, é o vizinho – falei sem olha-la.
-          Ele que toca o piano? E você fala o nome dele com essa cara de besta? Candela... – ela me olhou segurando o riso.
-          Que foi? – a olhei erguendo as sobrancelhas.
-          Quando você o viu? – perguntou.
-          Hoje, quando achei a carta fiquei nervosa, quebrei um copo, um vaso, ele ouviu e veio ver se estava tudo bem.
-          Meus copos caríssimos? – ela ficou boquiaberta – e bem que suspeitei que tava faltando alguma coisa naquela estante!
-          Como eu dizia – a olhei de canto e logo voltei a olhar a gaveta – ele que toca o piano, se chama Gaston.
-          E você o achou bonito? Pode falar – disse sorrindo.
-          O que? – a olhei confusa tentando disfarçar.
-          Não me faça de idiota, como que você fala o nome dele desse jeito: “Gas...” – me imitou.
-          Bom, é realmente bonito – afirmei com a cabeça.
-          Eu sabia, tá gostando dele!
-          Garota, eu vi ele uma vez, e eu tava super nervosa, deixa de historia!
-          Isso é só o começo, logo vocês vão se ver mais e você vai acabar se apaixonando – riu.
-          Você é completamente sem noção – joguei um travesseiro nela.
Voltamos a mexer nas coisas, só encontramos mais fotos de quando éramos pequenas, partituras velhas, em fim. Depois de uma hora nos levantamos do chão, Lali foi tomar banho e eu fiquei deitada em minha cama olhando pela janela, a janela da casa da Gas estava aberta, e dava pra ver ele tocando piano, era hipnotizante, uma sensação incrível, uns minutos depois acabei pegando no sono ali mesmo, acordando só na manhã seguinte.
Manhã seguinte...
Acordei com algumas conversas, voz da Lali e a voz... Do Gas? Só podia ser delírio meu, a não ser que minha irmã... Ah eu precisava descer pra conferir, me levantei, passei no banheiro pra arrumar o cabelo caso ele estivesse mesmo lá, e desci, me escondi atrás da parede e sem que percebessem olhei pra dentro da cozinha, os dois tomavam café, eu não podia acreditar que aquela anã tinha chamado o garoto pra tomar café com ela! Fui até a porta e bati 3 vezes simulando que tinha alguem na mesma, e me escondi.
-          Vou abrir a porta, licença – pude ouvir ela falar.
Ao ouvir o som da cadeira indo pra trás e seus passos me preparei, e quando ela passou por mim a puxei e tapei sua boca para que não gritasse, arrastei ela até debaixo da escada e fiz gesto de silencio pra ela não falar alto.
-          Você... – Ela disse alto então fiz um gesto pra que ela entendesse que era pra falar baixo, então ela abaixou o tom – Você quer me matar? O que tá fazendo?
-          Lali... – Apontei pra porta da cozinha – que diabos o Gas ta fazendo aqui?
-          Eu fui até lá e convidei ele pra tomar café – ela disse, como se fosse a coisa mais normal de se fazer.
-          Oh, legal – sorri ironicamente, logo em seguida fiquei seria – porque você fez isso?
-          Porque? Por que eu não sou anti-social como você! – respondeu.
-          Com que cara eu vou aparecer na cozinha? – perguntei nervosa.
-          Com essa cara ai, alias melhora ela senão ele retira os elogios que fez de você pra mim – ela sorriu, com cara de “segundas intenções”.
-          ...Que elogios? – falei mais calma, mas com tom de curiosa.
-          Muito bonita, tem um belo sorriso, foi simpática e gentil quando atendeu ele na porta... – riu baixo.
-          Ah – ri um pouco envergonhada – eu vou subir, lavar o rosto, arrumar o cabelo, escovar os dentes... Vai pra cozinha, e calada! – falei enquanto empurrava ela devolta, a deixei na entrada da cozinha e em seguida subi correndo, mas silenciosamente.
Troquei de roupa, coloquei algo simples, que sempre uso, arrumei os cabelos e escovei os dentes, logo lavei o rosto, me olhei no espelho, criei coragem e fui, desci as escadas, andei devagar até a cozinha e quando cheguei eles conversavam, Gas estava de costas pra mim, Lali olhou pra minha cara e sorriu, fazendo com que Gas olhasse pra trás, e abrisse aquele sorriso lindo, e fez com que eu abrisse um sorriso, desajeitado e envergonhado.
-          Bom dia – falei ainda envergonhada.
-          Bom dia irmã – falou Lali, sem disfarçar nem um pouco, que ótima atriz.
-          Bom dia Cande – disse Gas, ainda sorrindo.
Me conduzi até uma cadeira vazia e me sentei, logo Lali se levantou.
-          Vou trabalhar, Gas pode terminar de tomar seu café que a Cande te faz companhia – sorriu.
Olhei pra ela, tipo “se você tem amor à vida você senta ai” e ela percebeu, mas não ligou.
-          Tudo bem Lali, muito obrigada pelo convite – sorriu.
-          Tudo bem, agora tchau – riu, pegou sua bolsa e se foi.
A cozinha foi tomada por um silencio, até que ele o quebrou.
-          A Lali me contou sobre oque aconteceu com sua mãe... Eu sinto muito – falou sem olhar pra mim.
-          Tudo bem – sorri – ela era uma ótima pianista, assim como você. – abaixei a cabeça envergonhada.
-          Eu não devo ser tão bom assim – riu.
-          É sim – o olhei, e ele me olhou também – quando minha mãe tocava pra mim eu me sentia calma e especial, e eu estou me sentindo assim novamente, mas dessa vez quem toca é você...
Ele me olhou, parecia seilá, hipnotizado, e eu do mesmo jeito, aqueles olhinhos azuis lindos me olhando daquele jeitinho, ai, porque fui falar aquilo...
-          Obrigado... – sorriu.
-          Eu que agradeço, eu não sentia essas coisas há muito tempo – respondi envergonhada, sorrindo de canto.
-          Fico feliz em saber que eu te deixo assim – sorriu.
Sorri mais uma vez com a cabeça baixa, ouvi a cadeira indo pra trás e quando vi ele havia se levantado.
-          Vou indo agora, obrigada pelo café – sorriu.
-          Eu te acompanho – falei me levantando.
O levei até a porta.
-          Qualquer dia te chamo pra você me ouvir tocar – sorriu.
-          Pode ser – respondi feliz, envergonhada, alegre, eu tava tudo naquele momento.
-          Tchau – ele se aproximou e deu um beijo em meu rosto.
-          Até mais – falei me controlando pra não gritar.
Ele se virou e se foi, eu entrei e fechei a porta, ficava lembrando daquele sorriso lindo, e ria sozinha, dava uns gritinhos, meu Deus será que eu havia me apaixonado? Nunca havia me sentido daquele jeito antes.

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