segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Amor, sublime amor - Capítulo VI


CAPITULO VI


Gaston narrando.

Já era fim de tarde, eu estava vendo TV quando ouvi baterem na porta, me levantei, desliguei a televisão, e segui até a maçaneta da porta e a abri, era Lali e Cande.
-          Oi Gas... A gente pode conversar? – disse Lali me olhando.
-          Claro, entrem – disse dando passagem para que entrassem.
Elas entraram, eu fechei a porta e logo me virei as olhando.
-          Bom, é um assunto meio complicado, Cande me arrastou aqui pra eu te perguntar porque ela tem vergonha – percebi que Cande havia virado os olhos, colocou a mão na frente do rosto, eu dei uma risadinha baixa e ela deixou escapar um sorriso.
-          Pode falar... – Falei voltando a prestar atenção em Lali.
-          Bom, eu te contei sobre minha mãe e que Cande havia achado uma foto antiga e o nome da assassina dela, e Cande resolveu pesquisar na internet e viu que a Emilia, depois que matou nossa mãe, matou um casal, Silvia e Pedro Dalmau – naquele momento meu coração foi a mil, eram o nome dos meus pais, também já mortos – e na matéria dizia que Pedro era pianista então pensamos que talvez seriam seus pais, e que você poderia nos ajudar com isso...
-          Nossa – fiquei muito surpreso, e assustado – Sempre que pergunto meu tio foge do assunto, mas isso me interessou, hoje eu vou procura-lo e vou perguntar denovo e não descanso enquanto não ouvir a resposta.
-          Muito obrigada, é importante pra nós – disse Lali.
Eu percebi que elas estavam preocupadas e pude ver nos olhos delas que precisavam saber porque a mãe foi assassinada tão brutalmente, especialmente nos olhos de Cande, então tive uma idéia.
-          Cande me disse essa manhã que quando sua mãe tocava vocês costumavam ficar bem calmas, e se sentiam bem...
-          Isso mesmo – disse Lali sorrindo, Cande afirmou com a cabeça ouvindo atenciosamente.
-          Já que estão tão preocupadas com essa historia toda eu podia tocar um pouco pra vocês.
-          Bom Gas temos que preparar a janta... – disse Lali, em seguida olhou Cande – Mas eu posso muito bem fazer sozinha, sei que Cande adoraria ouvir! – aquilo me alegrou de uma forma...
-          Que bom – sorri, fiquei muito feliz.
Cande olhou de uma forma estranha pra Lali, uma expressão que me fez rir.
-          Não adoraria Cande? – disse Lali a olhando.
-          C-claro – Gaguejou, ela evitava olhar pra mim.
Então vou indo, até mais, e obrigada Gas – ela sorriu, olhou Cande novamente e foi até a porta, eu abri pra ela e assim que a mesma saiu, a fechei. Quando me virei Cande estava de cabeça baixa, era a coisa mais fofa do mundo.
-          Não precisa ter vergonha – falei rindo.
-          Vergonha? Quem esta com vergonha? E-eu não estou com vergonha – ela falou rapido e gaguejando ainda olhando baixo.
-          Quando fui tomar café na sua casa essa manhã Lali me disse que você é bem tímida – falei me aproximando mais um pouco, sorri e voltei a olha-la, quando finalmente ela olhou pra mim.
-          Um pouquinho – sorriu.
Eu sorri, logo voltei ao foco do piano, e vi as partituras atrás de Cande, na mesa.
-          Tem umas partituras aqui, você pode escolher uma pra eu tocar. – eu me inclinei pro lado e fui pra frente até alcançar as partituras, quando voltei meu rosto passou muito próximo do de Cande, e continuou próximo, pois eu não conseguia me mover olhando aquele rosto lindo.
Se era o certo a se fazer não sei, mas foi o que me deu vontade naquele momento, na verdade foi automático, quando me dei conta tinha colocado minha mão no rosto dela, e fui me aproximando até beija-la, e como eu pude esquecer que ela era tímida, mas o que eu podia fazer? Não me agüentava mais, eu realmente estava apaixonado por ela, ela poderia ficar assustada, não querer mais me ver, mas era a única coisa que eu queria fazer naquele momento, e como a vida é engraçada, a gente conhece a pessoa em poucos dias e já sente tudo isso, pessoas dizem que é coisa passageira, mas mesmo que fosse, pra mim ela era perfeita.
Depois de uns segundos eu parei o beijo e a olhei, e ela me olhou, e ficamos naquilo até que...
-          Eu... Tenho que ir... – ela disse rapido, saiu pelo lado em que minha mão não a impedia de passar, pois estava no rosto dela.
Quando ela abriu a porta e saiu me virei e ela me olhava, logo ela a fechou, eu olhei pros lados, me sentei no sofá e coloquei as mãos na cabeça. O que eu havia feito? E se ela não quisesse mais falar comigo? Naquele momento toda a timidez dela foi passada pra mim...

Candela narrando.

Dia seguinte... 
Passei a noite pensando no que havia acontecido, tanto que fui dormir tarde e quando acordei já era quase 2h da tarde, Lali havia ido trabalhar a tempos, e eu estava em cima da hora pro meu “plano de desculpas” pro Gas.
Levantei-me, segui pro banheiro, tomei um banho bem rapido, escovei os dentes, arrumei cabelo, em fim... Fui pro quarto, coloquei uma roupa, e ai chegou a parte difícil.
Abri o armário e abri a gaveta de minha mãe, dentro havia uma pasta com partituras antigas, raras, peguei-a, fechei a gaveta e as portas do armário, assoprei pra sair a poeira, respirei fundo e segui pra escada, as desci e fui pra porta, a abri, sai e fechei.
Só de ver a casa dele dava frio na barriga, mas eu tinha que fazer aquilo. Atravessei a rua e quando cheguei à calçada deles, eu quase caia de tanto que minhas pernas tremiam, eu dei mais um passos e tirei força do alem pra bater na porta. Demorou uns segundos, ele abriu e sua reação ao me ver... Não sei ao certo que expressão era aquela, surpreso, assustado, feliz, com medo, mas a minha era de pânico total!
-          Oi... – falei dando um meio sorriso o olhando muito, muito, extremamente tímida.
-          Cande... – ele falou meio assustado, mas depois de uns segundos abriu um grande sorriso – entre – disse dando passagem pra eu entrar.
-          Ta bem – sorri, droga, da ultima vez que entrei ali não deu muito certo... – Gas eu...
Travei.
-          Sim? – disse ele se virando e me olhando após fechar a porta.
-          Gas... Não dá pra gente se ver denovo e fingir que nada aconteceu, e não dá pra fingir que eu não te deixei aqui plantado e sai correndo, e eu queria me desculpar – abaixei a cabeça.
-          Eu sei, e você não tem que se desculpar, eu que tenho, eu que te... Beijei – nessa hora levantei a cabeça e o olhei.
-          Mas mesmo assim eu me sinto culpada e eu trouxe isso pra você – peguei as partituras com as duas mãos, pois estavam em apenas um braço – são umas partituras que eram da minha mãe, são raras, especiais, e merecem mais ser usadas do que ficar mofando no fundo de uma gaveta velha – ri, ainda envergonhada.
-          Cande eu agradeço, mas não precisa, eram da sua mãe, eu sei que é difícil – disse ele sorrindo de canto.
-          Mas pra que deixa-las guardadas juntando pó se... Tem um ótimo pianista que mora na frente da minha casa que pode fazer bom uso delas, e que eu confio pra cuidar bem, assim como minha mãe cuidou?
Ele apenas sorriu, não sei de onde estava saindo tanta coragem pra eu falar tudo aquilo.
-          Aceita por favor – falei sorrindo, estendendo as partituras pra ele.
Ele abaixou a cabeça e respirou fundo, com os olhos fechados.
-          O que foi? – perguntei o olhando.
-          Cande... – me olhou, afirmei com a cabeça – sempre que eu estou com você, sempre que conversamos, eu sinto algo estranho, não sei, alguma coisa que me faz sentir muito bem, aqui – ele colocou a mão no peito, do lado do coração, me controlei pra não ter uma crise e continuei ouvindo – e ontem quando eu... Te beijei, foi um descuido, e você fala essas coisas maravilhosas, e eu só estou me controlando pra não te beijar denovo – ele abaixou a cabeça novamente e riu baixo.
Eu quase cai ali mesmo, fechei os olhos e respirei fundo, engoli seco e com muita coragem o respondi.
-          Gas... Eu não aceito as desculpas por ter me beijado porque... – Ele me olhou, e eu olhei baixo – Porque eu só aceitaria se eu tivesse achado ruim, mas não... Porque toda vez que a gente se vê eu também sinto algo que me faz bem, uma coisa muito especial, e aquele beijo me fez abrir os olhos, e me fazer perceber que eu devo estar sentindo algo por você – eu quase chorei de tanta vergonha que estava, imagina a resposta dele? Por que eu fui falar que estava sentindo algo por ele?
-          É serio? – ele falou estranho, parecia que ria, até estranhei e olhei, e ele estava com um sorriso de orelha a orelha, com os olhos brilhando, me olhando lindo.
-          Sim... É sério – o olhei sorrindo.
Ele respirou fundo ainda sorrindo, deu um passo a frente e cossou a cabeça.
-          Então, se eu fosse ai e te beijasse você... Iria gostar? – perguntou, percebi que ele ficou vermelho.
-          Sim, muito – respondi ainda rindo um pouco.
Ele me olhou, sorriu e veio andando até mim, pegou as partituras e deixou em cima da mesinha, quando já estava bem próximo colocou uma mão em meu rosto, e eu coloquei as minhas no rosto dele, ficamos nos olhando por uns instantes até que ele se aproximou mais e me beijou, só que dessa vez era um beijo que eu esperava, e foi um beijo tão perfeito quanto o anterior porque eu sabia que se eu estivesse mesmo apaixonada por ele, eu não seria iludida.
Quando ele parou o beijo nos olhamos e rimos, e ele começou a acariciar meu rosto.
-          Nos conhecemos faz menos de uma semana – riu, ainda acariciando meu rosto.
-          Sim, talvez não seja a hora pra namorarmos ainda – ri o olhando.
-          E o que fazemos até essa hora? – disse ele me olhando, com um meio sorriso.
-          O que você quer fazer até lá? – sorri.
-          Podemos ficar juntinhos, igual estamos aqui – riu.
-          Eu gostei dessa idéia – ri.
Ele sorriu e me abraçou. Eu mal podia acreditar que estava fazendo aquilo com alguem que eu conhecia a menos de uma semana, mas eu sentia algo, se eu não tentasse eu nunca iria saber o que era, se era amor ou só uma paixãozinha, mas naquele momento eu só sabia de uma coisa, eu estava tão feliz que tanta alegria mal cabia em mim.
Depois que nos soltamos, nos sentamos no sofá e começamos a conversar sobre tudo, a vida, escola, nossos pais, sobre o passado, sobre nós, para nos conhecemos melhor, quanto mais ele falava, eu ficava mais louca por ele, que estranho né? Pois é.
-          Olhe a hora, Lali está chegando, preciso ir – falei olhando o relógio.
-          Eu te levo na porta – sorriu.
Nos levantamos e ele me levou até a porta, a abriu e eu sai, antes de ir nos olhamos, porque como que iríamos nos despedir? Como amigos ou com um beijo?
-          A gente se vê depois – ele se aproximou e me deu um selinho, acho que aquilo respondia tudo.
-          Tudo bem, tchau – respondi sorrindo.
Me virei e atravessei a rua, cheguei a minha calçada e abri a porta, quando entrei e fui fechar ele me olhava, então acenou, acenei de volta e sorri, então fechei a porta.
Quando me virei dei de cara com Lali, com cara de brava, braços cruzados, me olhando.
-          Credo Lali, parece até uma alma! – gritei assustada.
-          Você sai de casa, não atende telefone, celular, eu chego não tem ninguém, e se você tivesse morrido? – gritou, dramática...
-          Eu to viva tá? E pare de reclamar tenho muito que te contar, eu tava na casa do... – me interrompeu.
-          Do Gas?! Me conte tudo – disse ela me puxando, e me sentado no sofá.
-          Como sabe? – perguntei indignada.
-          Porque obviamente você foi lá pedir desculpas, agora conta tudo! – disse já agoniada.
Eu comecei a contar tudo pra ela, e ela ouvia tudo com cara de boba.
-          Ai que lindo, que lindo, vocês fizeram bem em se conhecer primeiro, nada de ir rapido demais, ai que orgulho de você – me abraçou assim que terminou de falar.

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