CAPITULO VI
Gaston narrando.
Já era fim de tarde, eu estava vendo TV quando ouvi baterem na porta,
me levantei, desliguei a televisão, e segui até a maçaneta da porta e a abri,
era Lali e Cande.
-
Oi Gas... A gente pode
conversar? – disse Lali me olhando.
-
Claro, entrem – disse
dando passagem para que entrassem.
Elas entraram, eu fechei a porta e logo me virei as olhando.
-
Bom, é um assunto meio
complicado, Cande me arrastou aqui pra eu te perguntar porque ela tem vergonha
– percebi que Cande havia virado os olhos, colocou a mão na frente do rosto, eu
dei uma risadinha baixa e ela deixou escapar um sorriso.
-
Pode falar... – Falei
voltando a prestar atenção em Lali.
-
Bom, eu te contei
sobre minha mãe e que Cande havia achado uma foto antiga e o nome da assassina
dela, e Cande resolveu pesquisar na internet e viu que a Emilia, depois que
matou nossa mãe, matou um casal, Silvia e Pedro Dalmau – naquele momento meu
coração foi a mil, eram o nome dos meus pais, também já mortos – e na matéria
dizia que Pedro era pianista então pensamos que talvez seriam seus pais, e que
você poderia nos ajudar com isso...
-
Nossa – fiquei muito
surpreso, e assustado – Sempre que pergunto meu tio foge do assunto, mas isso
me interessou, hoje eu vou procura-lo e vou perguntar denovo e não descanso
enquanto não ouvir a resposta.
-
Muito obrigada, é
importante pra nós – disse Lali.
Eu percebi que elas estavam preocupadas e pude ver nos olhos delas que
precisavam saber porque a mãe foi assassinada tão brutalmente, especialmente
nos olhos de Cande, então tive uma idéia.
-
Cande me disse essa
manhã que quando sua mãe tocava vocês costumavam ficar bem calmas, e se sentiam
bem...
-
Isso mesmo – disse
Lali sorrindo, Cande afirmou com a cabeça ouvindo atenciosamente.
-
Já que estão tão
preocupadas com essa historia toda eu podia tocar um pouco pra vocês.
-
Bom Gas temos que
preparar a janta... – disse Lali, em seguida olhou Cande – Mas eu posso muito
bem fazer sozinha, sei que Cande adoraria ouvir! – aquilo me alegrou de uma
forma...
-
Que bom – sorri,
fiquei muito feliz.
Cande olhou de uma forma estranha pra Lali, uma expressão que me fez
rir.
-
Não adoraria Cande? –
disse Lali a olhando.
-
C-claro – Gaguejou,
ela evitava olhar pra mim.
Então vou indo, até mais, e obrigada Gas – ela sorriu, olhou Cande
novamente e foi até a porta, eu abri pra ela e assim que a mesma saiu, a
fechei. Quando me virei Cande estava de cabeça baixa, era a coisa mais fofa do
mundo.
-
Não precisa ter
vergonha – falei rindo.
-
Vergonha? Quem esta
com vergonha? E-eu não estou com vergonha – ela falou rapido e gaguejando ainda
olhando baixo.
-
Quando fui tomar café
na sua casa essa manhã Lali me disse que você é bem tímida – falei me
aproximando mais um pouco, sorri e voltei a olha-la, quando finalmente ela
olhou pra mim.
-
Um pouquinho – sorriu.
Eu sorri, logo voltei ao foco do piano, e vi as partituras atrás de
Cande, na mesa.
-
Tem umas partituras
aqui, você pode escolher uma pra eu tocar. – eu me inclinei pro lado e fui pra
frente até alcançar as partituras, quando voltei meu rosto passou muito próximo
do de Cande, e continuou próximo, pois eu não conseguia me mover olhando aquele
rosto lindo.
Se era o certo a se fazer não sei, mas foi o que me deu vontade naquele
momento, na verdade foi automático, quando me dei conta tinha colocado minha
mão no rosto dela, e fui me aproximando até beija-la, e como eu pude esquecer
que ela era tímida, mas o que eu podia fazer? Não me agüentava mais, eu
realmente estava apaixonado por ela, ela poderia ficar assustada, não querer
mais me ver, mas era a única coisa que eu queria fazer naquele momento, e como
a vida é engraçada, a gente conhece a pessoa em poucos dias e já sente tudo
isso, pessoas dizem que é coisa passageira, mas mesmo que fosse, pra mim ela
era perfeita.
Depois de uns segundos eu parei o beijo e a olhei, e ela me olhou, e
ficamos naquilo até que...
-
Eu... Tenho que ir...
– ela disse rapido, saiu pelo lado em que minha mão não a impedia de passar,
pois estava no rosto dela.
Quando ela abriu a porta e saiu me virei e ela me olhava, logo ela a
fechou, eu olhei pros lados, me sentei no sofá e coloquei as mãos na cabeça. O
que eu havia feito? E se ela não quisesse mais falar comigo? Naquele momento
toda a timidez dela foi passada pra mim...
Candela narrando.
Dia seguinte...
Passei a noite pensando no que havia
acontecido, tanto que fui dormir tarde e quando acordei já era quase 2h da
tarde, Lali havia ido trabalhar a tempos, e eu estava em cima da hora pro meu
“plano de desculpas” pro Gas.
Levantei-me, segui pro banheiro, tomei um banho bem rapido, escovei os
dentes, arrumei cabelo, em fim... Fui pro quarto, coloquei uma roupa, e ai
chegou a parte difícil.
Abri o armário e abri a gaveta de minha mãe, dentro havia uma pasta com
partituras antigas, raras, peguei-a, fechei a gaveta e as portas do armário,
assoprei pra sair a poeira, respirei fundo e segui pra escada, as desci e fui
pra porta, a abri, sai e fechei.
Só de ver a casa dele dava frio na barriga, mas eu tinha que fazer
aquilo. Atravessei a rua e quando cheguei à calçada deles, eu quase caia de
tanto que minhas pernas tremiam, eu dei mais um passos e tirei força do alem
pra bater na porta. Demorou uns segundos, ele abriu e sua reação ao me ver...
Não sei ao certo que expressão era aquela, surpreso, assustado, feliz, com
medo, mas a minha era de pânico total!
-
Oi... – falei dando um
meio sorriso o olhando muito, muito, extremamente tímida.
-
Cande... – ele falou
meio assustado, mas depois de uns segundos abriu um grande sorriso – entre –
disse dando passagem pra eu entrar.
-
Ta bem – sorri, droga,
da ultima vez que entrei ali não deu muito certo... – Gas eu...
Travei.
-
Sim? – disse ele se
virando e me olhando após fechar a porta.
-
Gas... Não dá pra
gente se ver denovo e fingir que nada aconteceu, e não dá pra fingir que eu não
te deixei aqui plantado e sai correndo, e eu queria me desculpar – abaixei a cabeça.
-
Eu sei, e você não tem
que se desculpar, eu que tenho, eu que te... Beijei – nessa hora levantei a
cabeça e o olhei.
-
Mas mesmo assim eu me
sinto culpada e eu trouxe isso pra você – peguei as partituras com as duas
mãos, pois estavam em apenas um braço – são umas partituras que eram da minha
mãe, são raras, especiais, e merecem mais ser usadas do que ficar mofando no
fundo de uma gaveta velha – ri, ainda envergonhada.
-
Cande eu agradeço, mas
não precisa, eram da sua mãe, eu sei que é difícil – disse ele sorrindo de
canto.
-
Mas pra que deixa-las
guardadas juntando pó se... Tem um ótimo pianista que mora na frente da minha
casa que pode fazer bom uso delas, e que eu confio pra cuidar bem, assim como
minha mãe cuidou?
Ele apenas sorriu, não sei de onde estava saindo tanta coragem pra eu
falar tudo aquilo.
-
Aceita por favor –
falei sorrindo, estendendo as partituras pra ele.
Ele abaixou a cabeça e respirou fundo, com os olhos fechados.
-
O que foi? – perguntei
o olhando.
-
Cande... – me olhou,
afirmei com a cabeça – sempre que eu estou com você, sempre que conversamos, eu
sinto algo estranho, não sei, alguma coisa que me faz sentir muito bem, aqui –
ele colocou a mão no peito, do lado do coração, me controlei pra não ter uma
crise e continuei ouvindo – e ontem quando eu... Te beijei, foi um descuido, e
você fala essas coisas maravilhosas, e eu só estou me controlando pra não te
beijar denovo – ele abaixou a cabeça novamente e riu baixo.
Eu quase cai ali mesmo, fechei os olhos e respirei fundo, engoli seco e
com muita coragem o respondi.
-
Gas... Eu não aceito
as desculpas por ter me beijado porque... – Ele me olhou, e eu olhei baixo –
Porque eu só aceitaria se eu tivesse achado ruim, mas não... Porque toda vez
que a gente se vê eu também sinto algo que me faz bem, uma coisa muito
especial, e aquele beijo me fez abrir os olhos, e me fazer perceber que eu devo
estar sentindo algo por você – eu quase chorei de tanta vergonha que estava,
imagina a resposta dele? Por que eu fui falar que estava sentindo algo por ele?
-
É serio? – ele falou
estranho, parecia que ria, até estranhei e olhei, e ele estava com um sorriso
de orelha a orelha, com os olhos brilhando, me olhando lindo.
-
Sim... É sério – o
olhei sorrindo.
Ele respirou fundo ainda sorrindo, deu um passo a frente e cossou a
cabeça.
-
Então, se eu fosse ai
e te beijasse você... Iria gostar? – perguntou, percebi que ele ficou vermelho.
-
Sim, muito – respondi
ainda rindo um pouco.
Ele me olhou, sorriu e veio andando até mim, pegou as partituras e
deixou em cima da mesinha, quando já estava bem próximo colocou uma mão em meu
rosto, e eu coloquei as minhas no rosto dele, ficamos nos olhando por uns
instantes até que ele se aproximou mais e me beijou, só que dessa vez era um
beijo que eu esperava, e foi um beijo tão perfeito quanto o anterior porque eu
sabia que se eu estivesse mesmo apaixonada por ele, eu não seria iludida.
Quando ele parou o beijo nos olhamos e rimos, e ele começou a acariciar
meu rosto.
-
Nos conhecemos faz
menos de uma semana – riu, ainda acariciando meu rosto.
-
Sim, talvez não seja a
hora pra namorarmos ainda – ri o olhando.
-
E o que fazemos até
essa hora? – disse ele me olhando, com um meio sorriso.
-
O que você quer fazer
até lá? – sorri.
-
Podemos ficar
juntinhos, igual estamos aqui – riu.
-
Eu gostei dessa idéia
– ri.
Ele sorriu e me abraçou. Eu mal podia acreditar que estava fazendo
aquilo com alguem que eu conhecia a menos de uma semana, mas eu sentia algo, se
eu não tentasse eu nunca iria saber o que era, se era amor ou só uma
paixãozinha, mas naquele momento eu só sabia de uma coisa, eu estava tão feliz
que tanta alegria mal cabia em mim.
Depois que nos soltamos, nos sentamos no sofá e começamos a conversar
sobre tudo, a vida, escola, nossos pais, sobre o passado, sobre nós, para nos
conhecemos melhor, quanto mais ele falava, eu ficava mais louca por ele, que
estranho né? Pois é.
-
Olhe a hora, Lali está
chegando, preciso ir – falei olhando o relógio.
-
Eu te levo na porta –
sorriu.
Nos levantamos e ele me levou até a porta, a abriu e eu sai, antes de
ir nos olhamos, porque como que iríamos nos despedir? Como amigos ou com um
beijo?
-
A gente se vê depois –
ele se aproximou e me deu um selinho, acho que aquilo respondia tudo.
-
Tudo bem, tchau –
respondi sorrindo.
Me virei e atravessei a rua, cheguei a minha calçada e abri a porta,
quando entrei e fui fechar ele me olhava, então acenou, acenei de volta e
sorri, então fechei a porta.
Quando me virei dei de cara com Lali, com cara de brava, braços
cruzados, me olhando.
-
Credo Lali, parece até
uma alma! – gritei assustada.
-
Você sai de casa, não
atende telefone, celular, eu chego não tem ninguém, e se você tivesse morrido?
– gritou, dramática...
-
Eu to viva tá? E pare
de reclamar tenho muito que te contar, eu tava na casa do... – me interrompeu.
-
Do Gas?! Me conte tudo
– disse ela me puxando, e me sentado no sofá.
-
Como sabe? – perguntei
indignada.
-
Porque obviamente você
foi lá pedir desculpas, agora conta tudo! – disse já agoniada.
Eu comecei a contar tudo pra ela, e ela ouvia tudo com cara de boba.
-
Ai que lindo, que lindo, vocês fizeram bem em se
conhecer primeiro, nada de ir rapido demais, ai que orgulho de você – me
abraçou assim que terminou de falar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário, ele é muito importante para nós.
1) Opiniões e críticas construtivas são sempre bem vindas, desde que acompanhadas de educação.
2) Palavras de baixo calão não serão toleradas, levando, posteriormente, a exclusão do comentário; a mesma ação será aplicada em casos de xingamentos.